domingo, 8 de maio de 2011


É que o tempo da gente
não leva o mesmo tempo
que o tempo do tempo,
É que a gente sempre espera
de tudo um tanto pra ser feliz,
que pra ser feliz a gente espera,
espera, (e só!) espera
e de tanto esperar nunca é feliz de fato.
Espera tanto, e por tanto tempo,
que o tempo passa e a gente nem sente.
Assim, de uma hora pra outra,
depois de muito tempo
esperando o meu próprio tempo,
eu voltei a sentir...
E desde então,
só é tempo de levar a vida,
assim sem tempo e sem espera.
Assim! Como tudo aquilo
que realmente é bom:
intenso, simples e no seu próprio tempo...



A.M.

(que voltou a escrever sobre si depois de muito, muito tempo)

sábado, 20 de novembro de 2010

"Leite, leitura, letras, literatura, tudo o que passa, tudo o que dura, tudo o que duramente passa, tudo o que passageiramente dura, tudo, tudo, tudo, não passa de caricatura, de você, minha amargura, de ver que viver não tem cura."
Leminski

Ela...

Como uma peça da mobília, que com o passar do tempo tornou-se velha.
Perdeu a serventia.
Parada e solitária.
Atravanca o caminho que já fora seu.
Melancólica.
A espera de um tropeço num momento distraído.
Ou um esbarro apressado.
Esperando...
Efêmera vítima do tempo traiçoeiro.
O tempo!
Quem sabe ele não lhe seja novamente parceiro!?
E com o passar do tempo ela, justo ela, possa servir de recosto para algum par de ombros cansados.
A.M.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Tic...Tac...

Me peguei olhando o calendário.
Não sei se foi fruto da minha imaginação maluca, ou resultado das noites mal dormidas, mas juro que vi aquelas folhinhas magicamente criarem asas!
E de repente os dias, meses e anos passaram voando diante dos meus olhos.
Sobrevoando mentalmente o caminho inverso dos fatos vou do fim ao começo em um piscar de olhos.
Algumas lembranças me faltam, e penso que talvez as tenha deixado escapar pela janela numa rajada de vento.
Não sei. Só sei que não lembro o momento em que deixei de me importar.
Não lembro... Ou talvez, nem queira mesmo lembrar.




A.M.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Um arrepio de sensatez

“Vocês sabem o que significa encontrar-se diante de um louco? Encontrar-se diante de alguém que sacode dos alicerces tudo o que vocês construíram dentro de si, em torno de si, a lógica, a lógica de todas as suas construções!”
(Escritor e dramaturgo italiano Luigi Pirandello)

Os fios de cabelo desalinhados emolduram teu rosto, e enquadram teus pensamentos sem sentido.
Procuro um motivo. Tento encontrar a razão, em cada ruga, em cada marca. Mas, no irreal, a única certeza que me permanece lúcida é a de que a nossa realidade construída tem a mesma solidez, da matéria que compõe as nuvens.



A.M.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

CALÇANDO HISTÓRIA

O tenentismo, movimento político militar ocorrido nas décadas de 1920 e 1930, é considerado por muitos historiadores como um dos movimentos mais importantes na história brasileira. Certamente já foi escrito e descrito de cabo a rabo, de cor e salteado nos livros de história, porém nunca antes foi contado por um sapato.
Sempre fora um sapato versátil, tendo sido utilizado de tantas maneiras que, por certo, com alguma parte de suas pegadas você vai se identificar.
Calçou os oficiais que se opuseram à República Velha, denunciando a corrupção, a deficiência no sistema educacional público do país e o coronelismo com seu voto de cabresto. Lutou por seus ideais dentre os dezoito do Forte de Copacabana, em cinco de julho de 1922, sob os passos de Eduardo Gomes.
Esteve dos dois lados, calçando tanto Júlio Prestes quanto Getúlio. Nos pés do primeiro passou por tempos mais movimentados, liderando a intentona comunista e tendo gastado sua sola incansavelmente nas marchas de 22 e 24.
Seguindo os passos de Vargas presenciou a implantação do modelo prussiano, o protecionismo do Estado contra importados e o investimento de capital para fortalecer indústrias nacionais. Aliando capital estatal e nacional participou da construção de indústrias, tanto de base como de consumo. Esteve presente na criação do PTB e PSD.
Com a deposição de Vargas permaneceu guardado durante os governos de Dutra e Jango, apenas voltando à ativa em 1950. Porém, em 1954, devido a pressão da oposição, Vargas “sai da vida para entrar na História” e seu fiel par de sapatos acaba descalço, guardando na sola gasta uma vida de memórias.
Hoje, apesar das marcas que o tempo lhe conferiu, permanece um sapato enxuto e, ainda cheio de ideais, trilha os passos de um rabugento professor de história contemporânea.
A.M.
Computador bichado tem lá sua utilidade.
Essa tarde, enquanto descartava alguns
arquivos, me deparei com esse aqui. que escrevi
num momento de observação do sapato velho
de um professor em uma das animadas aulas (rãm-rãm)
de História Contemporânea.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Pode até ser medo do presente.
Talvez saudade de algum passado que não passou.
Quem sabe uma pontinha de insegurança ao saltar no futuro desconhecido.
"E antes que eu confunda o domingo com a segunda..."
Uma pausa nostálgica no meio (ou seria o começo?) do caminho...

Tudo isso e nada disso! Apenas amanheceu mais um domingo preguiçoso.
A.M.